Li recentemente um autor que afirmava não se identificar com os termos auto-desenvolvimento e desenvolvimento pessoal. Achava que nós não devemos andar em busca de nos desenvolver ou de nos aperfeiçoar. Que por natureza já somos perfeitos e que temos é que descobrir essa perfeição em nós – ou as várias formas de perfeição em nós.
Comecei a pensar neste tema. Inicialmente, achei estranho porque acho (sim!) que nos desenvolvemos em tudo o que fazemos, pensamos e dizemos. Há algumas práticas que promovem um desenvolvimento mais reflexivo, como o coaching, mas acredito que nos desenvolvemos em tudo o que fazemos no nosso dia-a-dia. Desde que estejamos para aí virados!
No entanto, fez-me pensar numa questão interessante: realmente, este caminho passa muito por um descobrimento. Ou seja, por descobrir tantas coisas que cada um de nós é. Porque nós somos sempre muitas coisas! E na verdade muitas delas estão adormecidas simplesmente porque ainda não as experienciámos ou porque nunca olhámos para elas.
Acredito que parte da beleza da vida está aí mesmo. Está na diversidade que nós somos. Por vezes, nós temos uma imagem – uma percepção de nós – bastante diferente daquilo que nós podemos realmente ser.
Uma das coisas que me vem à memória é que, em miúda, eu achava que não era nada criativa. Cresci a pensar assim. Achava que havia muitas pessoas à minha volta que eram criativas mas que eu não era. Acreditava que não tinha essa capacidade. Que tinha outras mas essa não tinha. Que a minha capacidade de imaginação era muito básica e que não tinha capacidade de criar.
A determinada altura da minha vida permiti-me explorar alguns lados mais criativos e fiquei extremamente surpreendida! Foram momentos muito felizes para mim. E descobri que, afinal, eu também era criativa. Como muitas outras coisas.
Acredito que este é um desafio da vida. É uma parte gira permitirmos-nos experienciar coisas e descobrirmos novas valências e interesses em nós. Umas vezes descobrimos que não nos identificamos com. Outras vezes descobrimos que o que acabámos de fazer foi muito bom e que nos trouxe emoções interessantes que nós gostávamos de voltar a sentir.
Mas para isto, é importante permitirmos-nos fazer coisas que, à primeira vista, não são a nossa praia. E tal só se consegue se nos permitirmos errar. Porque se eu tivesse decidido não correr o risco de errar, não teria saído da minha zona de conforto e não teria descoberto que afinal sou criativa!
E no seu caso? Que novas áreas se vai permitir descobrir?