Recentemente, durante uma sessão de coaching, um cliente fez-me a seguinte pergunta: “Nós temos que enrijecer ou sentir coisas não faz mal?“. Pergunta profunda, esta…
Parece-me que será óbvio para a maioria de nós que temos de sentir. São os nossos sentidos que nos permitem ter emoções. Se não houver sentidos, não há emoções. Nem más, nem boas! Portanto, é importante sentirmos coisas. Isto é ponto assente!
Agora, o desafio está em percebermos de que forma é que não somos dominados pelos nossos sentimentos. Há alturas na vida em que para a nossa sobrevivência, temos de enrijecer um pouco. Há alturas em que não estamos preparados para experienciar determinadas emoções.
Quando estamos num pico de trauma profundo arranjamos as chamadas couraças para conseguirmos suportar o nosso contexto. Essa é, possivelmente, a única forma de sobrevivência. E está certo! É uma defesa. Todos nós precisamos de defesas em determinadas fases da nossa vida. Mas a defesa é importante numa fase. É determinante que não transformemos uma defesa num comportamento eterno.
Portanto, há fases em que nós precisamos de ser mais guerreiros e precisamos de ser mais rijos. Mas após passar o pico do trauma, mais tarde, vamos ter de desconstruir a nossa defesa e aos poucos, devagar, é importante que nos permitamos começar a sentir novamente.
Não podemos passar uma vida inteira sem sentir. Isso levar-nos-ia ao ponto oposto do espectro que é a depressão. Quando nós não sentimos nada – nem bom, nem mau – há uma apatia gigante e tudo deixa de fazer sentido na vida. Deixa de haver propósitos para tudo. Esse é um grande perigo da rigidez.
O desafio está sempre no equilíbrio, não é? E por isso, a minha resposta é: por vezes nós temos de enrijecer, mas temos sempre de sentir.